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                     ====FINALISTA 2015=====

 

Horário de atendimento: de Segunda a Quinta -Feira das 8:00H-15:00H;

Sexta Feira: das 8:00H-14:00H.


A Renúncia Impossível
A Renúncia Impossível

 

A renúncia impossível

I Negação

Não creio em mim.

Não existo.

Não quero, eu não quero ser.

 

Quero destruir-me:

- atirar-me de pontes elevadas

E deixar-me despedaçar

Sobre as pedras duras das calçadas.

 

Pulverizar o meu ser

Desaparecer

Não deixar sequer traço de passagem

Pelo mundo.

 

Quero matar-me

E dixar que o não-eu

Se aposse de mim.

 

Mais do que um simples suicídio

Quero que esta minha morte

Seja uma verdadeira novidade histórica

Um desaparecimento total

Até mesmo nos cérebros

Daqueles que me odeiam

Até mesmo nostempos

E se processe a História

E o mundo continue

Como se eu nunca tivesse existido

Como se nenhuma obra tivesse produzido

Como se nada tivesse influenciado na vida

Como se em vez de valor negativo

Eu fosse Zero.

Quero ascender, subir

Elavar-me até atingir o Zero

E desaparecer.

Deixai-me desaparecer!

 

Mas antes vou gritar

Com toda a força dos meus pulmões

Para que o mundo oiça:

 

- Fui  eu que renunciou à Vida!

Podes continuar a ocupar o meu lugar

Vós os que mo roubastes

 

Aí tendes todo o mundo para vós

Para mim, nada quero

Nem riqueza nem pobreza

Nem alegria nem tristeza

Nem vida nem morte

Nada.

 

Não sou. Não existo. Nunca fui.

Renuncio-me

Atingi o Zero.

 

E agora,

Vivei, cantai, choroi

Casai-vos, matai-vos, embriagai-vos

Dai esmolas aos pobres.

Nada me pode interessar

Que eu não sou

Antingir o Zero!

 

Não contem comigo

Para vos servir às refeições

Nem para cavar os diamantes

Que vosssas mulheres irão ostentar em salões

Nem para cuidadr das vossas plantações

De cafe e algodão

Nõ contem com os operários

Para amamentar os vossos filhos sifilíticos

Não contem com os operários

Da segunda categoria

Para fazer o trabalho de que vos orguhais

Nem com soldados incoscientes

Para gritar com o estômago vazio

Vivas ao vosso trabalho de civilização

Nem com lacaios

Para vos tirarem os sapatos

De madrugada

Quando regressardes de orgias nocturnas

Nem com pretos medrosos

Para vos oferecer vacas

E vender milho a tostão

Nem com corpos de mulheres

Para vos alimentar de prazeres

Nos ócios da vossa abundância imoral.

 

Não contem comigo

Renuncio-me.

Eu atingi o Zero.

 

Não existo. Nunca existi.

Não quero vida nem morte

Nada!

 

Podeis agora queimar

Os letreiros medrosos

Que às portas de bares, hotéis e recintos públicos

Gritam o vosso egoísmo

Nas frases “SÓ PARA BRANCOS” ou “ONLY TO COLOURED MEN”

Negros aqui. Branco acolá.

Podes acabar

Com as miseráveis bairros de negros

Que vos atrabalham a avaidade

Vivei satisfeito sem “colour lines”

Sem terdes que dizer aos fragueses negros que os hotéis estão abarrotados

Que não há mais mesas nos restaurantes.

Banhai-vos descansados

Nas vossas praias e piscinas

Que nunca houve negros no mundo

Que sujassem as águas

Ou os vossos nojentos preconceitos

Com a sua escura presença.

 

Podeis transformar em toureiros

Ou em magarefes

Os membros da ku-klux-klan para que matem a sua fome sanguinária

Nas feridas dos touros que descm à arena.

Não há negros para linchar!

 

Porque hesitais agora?

Ao menos tendes oportunidade

Para proclamardes democracias

Com sinceridade

 

Podeis inventar uma nova História.

Inclusivamente podeis atribuir-vos  a criação do mundo.

Tudo foi feito por vós

Ah!

Que satisfação eu sinto

Por ver-vos alegres no vosso orgulho

E loucos na vossa mania de superioridade.

Nunca houve negros!

A África foi construída só por vós

A América foi colonizada só por vós

A Europa não conhece civilização africanas

Nunca um negro beijou uma branca

Nem um negro foi linchado

Nunca mataram pretos  golpes de cavalonarinho

Para lhes possuírem as mulheres

Nunca extorquiaram propriedades a pretos

Não tendes, nunca tivestes filhos com sangue negro

Ó racistas de desbragada libricidade

Fartaí-vos agora dentro da moral.

 

Que saisfação

Por não terdes que falsear os padrões morais

Para savaguardar

O prestigio, a superioridade e o estômago

De vossos filhos.

 

Ah!

O meu suicído é uma novidade histórica

É um sádio prazer

De ver-vos bem instalados no vosso mundo

Sem necessidade de jogos falsos.

 

Eu elevado até o Zero

Eu trnsformado no Nada-histórico

Eu no início dos tempos

Eu-Nada a confundir-me com vós-Tudo

Sou o verdadeiro Cristo da humanidade!

 

Não há nas ruas de Luanda

Negros descalços e sujos

A pôr nódoas nas vossas falsidades de colonização

Em Lourenço Marques

Em New-York, em Leopoldville

Em Cape-Town

Gritam pelas ruas

A foquetar alegria nos ares:

Homens irmãos

Dai-vos as mãos

Gritai a vossa alegria de serde sós

SÔS!

Únicos habitantes da Terra.

 

Eu atingi o Zero!

 

Isto simplifica extraordinariamente

A vossa ética.

Ao menos não percais agora

A ocasião de serdes honestos.

 

Se houver terramotos

Calamidades, cheias ou epidemias

Ou erras a defender da invasão das águas

Ou motores parados nas lamas de selvas africanas

Rauos vos partam!

Já não tereis de chamar-me

Para acudir às vossas desgraças

Para reparar os vossos desasteres

Ou para carregar com a culpa das vossas incúrias.

Ide para o diabo!

 

Eu não existo

Palavras de honra que nunca existi.

Atingi o Zero

O Nada.

Abençoada a Hora

Do meu super-suicídio

Para vós

Homens que construís sistemas morais

Para enquadrar imoralidades

O sol brilha só para vós

A lua relecte luz só para vós

Nunca houve esclavagistas

Nem massacres

Nem ocupações da África

 

Como até a História

Se transforma num Trabalho Moral

Sem necessidade de arranjos apressados!

 

Não existem os pretos dos cais e dos caminhos de ferro.

Nos locais de trabalho nunca se ouviram cantos dolentes

Só há chiadeira de guindastes.

Nunca pisaram os caminhos do mato

Carregadores com quilos às costas

São os motores que se queimam sob as cargas

 

Ó pretos submissos, humildes ou tímidos

Sem lugar nas cidades

Ou nos escaninhos da honestidade

Ou nos recantos da força

Com a alma poisada no sinal menos,

Polígamos declarados

Dançarinos de batuques sensuais

Sabei que subistes todos de valor

Atingistes o Zero

Sois Nada

E salvastes o homem.

 

Acabou-se o ódio de raças

E o trabalho de civilização

E a náusea de ver meninos negros

Sentados na escola

Ao lado de meninos de olhos azuis

E as extorsões e as compulsões

E as palmatoadas e torturas

Para obrigar inocentes a confessar crimes

E os medos de revolta

E as complicadas demarches políticas

Para iludir as almas simples.

 

Acabaram-se as complicações sociais!

Ãtingi o Zero.

Ao Nada-Tempo

Ao Eu coincidente com vós-Tudo

E resolvi não existir.

 

Cheguei ao Zero-Espaço

Ao Nada-Tempo

Ao Eu coincidente com vós-Tudo.

 

E o que é mais importante:

Salvei o mundo.

 

Dr. Agostinho Neto (Chefe da Nossa Nação)